Senegal anunciou nesta
quinta-feira que voltará a fechar as fronteiras com a Guiné por causa da
epidemia de Ebola, horas depois de autoridades sul-africanas adotarem medida
similar com os países mais afetados pela epidemia no oeste da África.
Segundo um comunicado do ministério do Interior senegalês, por
causa da epidemia, o "Senegal decidiu fechar novamente suas fronteiras
terrestres com a República da Guiné".
A decisão ocorre mais de três meses depois da abertura das
fronteiras entre os dois países. Os postos fronteiriços oficiais senegaleses
com a Guiné ficam no sul e no sudeste do país.
A
medida das autoridades senegalesas se estende "às fronteiras aéreas e
marítimas para os aviões e embarcações procedentes da Guiné, de Serra Leoa e
Libéria", os países mais afetados pela epidemia.
Mais
cedo, autoridades sul-africanas anunciaram o fechamento de suas fronteiras a
pessoas procedentes destes países, enquanto o coordenador da ONU para o Ebola
iniciava uma visita às nações afetadas.
Enquanto vários países do oeste da África lutam contra esta
epidemia, que já deixou 1.350 mortos, (576 na Libéria, 396 na Guiné e 374 em
Serra Leoa), segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), de
18 de agosto, dois missionários americanos conseguiram superar a doença, graças
a um soro experimental que nunca tinha sido usado em humanos até agora.
O doutor Kent Brantly, de 33 anos, e a voluntária Nancy
Writebol, de 60, que tinham contraído a doença tratando de doentes na capital
da Libéria, Monróvia, e foram repatriados aos Estados Unidos no começo do mês,
deixaram nesta quinta-feira o hospital completamente recuperados, anunciaram os
médicos."A alta médica destes dois pacientes não representa nenhuma
ameaça sanitária", disse Bruce Ribner, diretor da unidade de doenças
infecciosas do hospital Emory.
O governo sul-africano decidiu proibir o acesso a seu território
de pessoas procedentes de Guiné, Libéria e Serra Leoa, países afetados pelo
vírus Ebola considerados de alto risco, "salvo se a viagem for considerada
absolutamente essencial", e pediram aos seus cidadãos que adiem qualquer
viagem para estes países.
A
Nigéria, onde cinco pessoas morreram desta febre hemorrágica altamente
contagiosa e a quem consideram de "risco médio", está a salvo destas
medidas.
Os
países africanos afetados pela epidemia, em colapso por sua amplitude, esperam
que a comunidade internacional se comprometa para conter seus efeitos.
Com
isso, o coordenador da ONU para o Ebola, doutor David Nabarro, chegou nesta
quinta-feira a Dacar, vindo dos Estados Unidos, e se dirigiu em seguida à
Libéria para iniciar uma visita que também o levará a Serra Leoa, Guiné e
Nigéria, segundo fontes da ONU.
Na
Libéria, onde vigora desde a quarta-feira um toque de recolher e dois bairros
de Monróvia estão em quarentena, a Cruz Vermelha considerou necessário confiar
a coordenação da luta contra o Ebola a uma organização internacional,
"diante de uma calamidade desta proporção".