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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Devo dar o dízimo?

Creio que devemos interpretar o texto da Palavra de Deus pelo texto da Palavra de Deus. Como? Por exemplo, o "fermento" aparece na própria Palavra, desde o Antigo Testamento, interpretado como pecado, má doutrina, contaminação, etc. Por que podemos chegar a esta conclusão? Porque outros textos da mesma Palavra explicam assim.
O Senhor fez isto com as parábolas. Algumas Ele explicou, mostrando o que cada elemento queria dizer. O mesmo devemos fazer com a profecia. Não creio em interpretações da profecia que tentam ver tanques de guerra, helicópteros e coisas do tipo em, por exemplo, gafanhotos. Isto é usar conceitos externos à Palavra para explicá-la.


Quanto ao dízimo, encontro duas coisas diferentes: Uma doutrina dada a Israel e outra dada à Igreja. Tentei explicar que o dízimo pertencia à economia judaica, havendo uma forma diferente de contribuição na doutrina para a Igreja. O mesmo acontece com o sábado, o qual não foi substituído pelo domingo na doutrina dada à Igreja. Não existe nenhum mandamento quanto ao primeiro dia da semana. Sei da ressurreição, sei da ceia que celebravam no primeiro dia, mas nada especifico como foi o sábado para o judeu. Se devo aceitar o dízimo, então preciso aceitar também o sábado, o templo em Jerusalém, a ordem sacerdotal e muitas outras coisas.


Veja como é bela a ordem dada por Deus para a Igreja. Nada de lei. "Porque se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer TEM, e não segundo o que NÃO TEM" (2 Co 8.12) No judaísmo, não importa se a pessoa tinha ou não, ela devia os 10%. Era a lei. O que o cristão dá vem do coração e não de uma imposição legal. Veja como é bela a ordem dada à igreja, em contraste ao jugo da lei do dizimo. O que o cristão dá é:


Para expressar comunhão com os outros membros do corpo de Cristo (2 Co 8.4)


Para se tornar em algo abundante (2 Co 8.7)


Para demonstrar a realidade do amor cristão (2 Co 8.8,24)


Para imitar nosso Senhor Jesus (2 Co 8.9)


Para ajudar nas necessidades dos outros (2 Co 8.13-15)


Para experimentarmos que Deus também nos dá abundantemente (2 Co 9.8-10)

Para gerar nos outros ações de graças a Deus (2. Co 9.11-15)

Para termos abundante fruto em nossa conta (Fp 4.17)


Encontramos isto no que era exigido de Israel? Talvez você fale de Malaquias 3.10. Oras, a "casa do tesouro" era no Templo em Jerusalém. E Malaquias começa: "Peso da Palavra do Senhor contra ISRAEL". O engraçado é que, quando tratamos de doutrinas especificas para a Igreja, precedidas de "como em todas as igrejas dos santos", logo aparecem pessoas dizendo que aquilo era especificamente para aquela igreja ou para uma determinada época.


Mas quando o assunto é o dízimo em Malaquias, que vem precedido de ordens claras para Israel no Antigo Testamento, ninguém diz que aquilo era especificamente para os judeus e para aquela época, mas logo aparecem explicações dizendo aquilo vale também para a Igreja. Começo achar que existe uma regra utilizada pela maior parte da cristandade hoje para compreendermos as Escrituras: Inverter o que está escrito!



A primeira vez que o dízimo aparece na Palavra é quando Abraão o dá a Melquisedeque, tipo de Cristo:

"E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo." Gn 14:19, 20.

Atente para um detalhe: Isso foi antes da Lei dada a Moisés e isso foi uma iniciativa própria de Abraão (Deus não ordenou que desse), o que não coloca esta oferta no mesmo nível daquela ordenada na Lei, mas dá a ela um caráter muito semelhante ao que vemos nas epístolas, que é de contribuir segundo o seu coração. Foi o que Abraão fez, foi espontâneo, do coração, já que ninguém ordenou que fizesse. Embora seja 10% do que tinha, não é o mesmo dízimo que você encontra na Lei.


Mesmo assim é importante lembrar que Abraão não faz parte da Igreja, um mistério que só seria revelado a Paulo séculos depois e cuja doutrina (da Igreja) seria também dada por intermédio do mesmo Paulo. Não encontramos a doutrina dada à Igreja em nenhum outro lugar, nem mesmo nos evangelhos, pois ainda era um "mistério" não revelado na ocasião. (leia Efésios 3)
 Devo concordar que Deus não muda, mas o modo como Ele trata com sua criação muda. Com Adão Deus tratou de um homem no estado de inocência; com a geração após Noé, tratou com pessoas com responsabilidade de se sujeitarem a um governo humano; com Abraão e seus descendentes Deus tratou tendo em vista as promessas feitas a ele; com Moisés e o povo de Israel Deus tratou segundo a Lei que lhes havia dado. Mas com a Igreja Deus trata segundo a dispensação da graça. Deus é o mesmo, mas tem tratado o homem de modos diferentes ao longo do tempo.
A Sua Palavra também não muda e permanece para sempre, mas as pessoas às quais Ele dirige sua Palavra mudam e se, nos Salmos, encontramos calorosos pedidos de vingança contra os inimigos, no Novo Testamento vemos que Deus deseja dos cristãos que amem seus inimigos e orem por eles. Por isso hoje não apedrejamos adúlteros e nem nos guardamos de caminhar uma distância maior do que aquela estabelecida por Deus no Antigo Testamento. O mesmo Deus que cobrou algo de um povo, espera um modo de agir diferente de outro.

A grande confusão em relação ao dízimo é que muitos cristãos ainda não entenderam que Deus tem dois povos, Israel, que foi temporariamente deixado de lado, e Igreja, que é o povo que hoje representa Deus na Terra. Quando a Igreja for arrebatada, Deus voltará a tratar com Israel dentro daquilo que Ele estabeleceu para aquele povo.

É por isso que o Senhor disse aos judeus em Mateus 24, pensando nos judeus após o arrebatamento: "orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado". Os judeus com os quais Deus tratará então darão o dízimo e guardarão o sábado, coisas que não são encontradas na doutrina dos apóstolos dada à Igreja, a qual é encontrada apenas nas epístolas, em especial nas do apóstolo Paulo.

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